vinte anos
e há muito
já não trançam mais os cabelos.
Usaram saltos altos antes do tempo
ganharam bicicleta
depois carro
e enfim puseram calcanhar no chão.
Agora crescem sem baixar bainhas
levando a vida às costas
vida acima.
Eu as olho do alto com ternura
estendo a mão
mas não escapo à sina
elas sobem a encosta
eu vou descendo a quina.
Marina Colasanti
(Passageira em trânsito. Rio de Janeiro : Record, 2009, p.103)

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