terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

       "Doação é amor, é muito mais que "se livrar" de algo que está atravancando o caminho, é respeito pelo próximo, é cuidado. O cuidado que você tem com suas coisas sendo repassado para outra pessoa. Doar é se colocar no lugar da outra pessoa, ser capaz de por um instante tentar compreender a situação dela, e se colocar naquela situação.
       Se for doar livros, doe livros que você ainda sentiria prazer em reler. Está com traças, mofado, rasgado, faltando folhas, é apostila de cursinho vestibular, de curso de inglês com os exercícios preenchidos, livros riscados, não tem como outra pessoa fazer uso disso. Lixo reciclável neles!"
(do blog de Dani Carneiro-Biblioteca Comunitária do sítio Santa Cecília)


Aguardamos sua doação para a Biblioteca Comunitária do Bairro Santa Cruz - Ouro Preto MG


terça-feira, 21 de fevereiro de 2012


"Ela desatinou 
Viu chegar a Quarta-feira 
Acabar a brincadeira 
Bandeira se desmanchando 
E ela inda está sambando 
Ela desatinou 
Viu morrer alegrias 
Rasgar fantasias 
Os dias sem sol raiando 
E ela inda está sambando 
Ela não vê que toda gente 
Já está sofrendo normalmente 
Toda a cidade anda esquecida 
Da falsa vida da avenida onde 
Ela desatinou 
Viu morrer alegrias 
Rasgar fantasias 
Os dias sem sol raiando 
Ela inda está sambando 
Quem não inveja a infeliz 
Feliz no seu mundo de cetim 
Assim debochando 
Da dor, do pecado 
Do tempo perdido 
Do jogo acabado "
             Chico Buarque
"Carnaval, desengano
Deixei a dor em casa me esperando
E brinquei e gritei e fui vestido de rei
Quarta-feira sempre desce o pano"
                             Chico  Buarque


"E um dia, afinal 
Tinham direito a uma alegria fugaz        
Uma ofegante epidemia                                  
Que se chamava carnaval"                                                        
                                     Chico Buarque



sábado, 18 de fevereiro de 2012

Manhã de Carnaval

(música: Luiz Bonfá / letra: Antonio Maria)
"Manhã, tão bonita manhã
Na vida, uma nova canção
Cantando só teus olhos
Teu riso, tuas mãos
Pois há de haver um dia
Em que virás
Das cordas do meu violão
Que só teu amor procurou
Vem uma voz
Falar dos beijos perdidos
Nos lábios teus
Canta o meu coração
Alegria voltou
Tão feliz a manhã 
Deste amor"

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012


"SE O AMOR É FANTASIA, EU ME ENCONTRO ULTIMAMENTE EM PLENO CARNAVAL"
Vinícius de Moraes



quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

PORQUE NO CARNAVAL





"Nós amamos o Brasil ... nós amamos o carnaval, porque no carnaval, todo mundo se ajunta com o outro, todos juntos: o rico e o pobre, o velho e o jovem, o direito e o esquerdo. E isso é bom, porque para vencer a pobreza extrema, todos devemos trabalhar juntos, devemos agir juntos, como um, como um só, como um só"
                                                                 Bono Vox                                                                                              

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

 " Mas nós dançamos no silencio, 
Choramos no carnaval, 
Não vemos graça nas gracinhas da TV
Morremos de rir no horario eleitoral.."
                                                    Engenheiros do Hawaii


segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

QUASE




Sonhei e vi 
céu da tarde
Fim de sol
Pouca luz
Muita perda
Todo medo
Noite sendo
Encontro
Não posso fugir


Vi, pássaro
sobre imagem
No quase escuro
Ave vulto
Se alargando no céu
Um sinal
Presença a dizer
Não sei
So queria entender
Agora, o medo passou

BASTAM 15 MINUTOS


  O que a Leitura pode fazer por você?

"Bastam 15 minutos por dia mergulhado nos livros para você se dar melhor nos estudos e na vida"
  • Solta sua imaginação;                                  
  • Estimula sua criatividade;                           
  • Aumenta seu vocabulário;                           
  • Facilita a escrita;                                         
  • Simplifica a compreensão das coisas;
  • Ajuda na vida profissional;
  • Melhora a comunicação com os outros;
  • Amplia seu conhecimento geral;
  • Liga seu senso crítico na tomada.





sábado, 11 de fevereiro de 2012

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

RESTOS DO CARNAVAL



"Naquele carnaval, pois, pela primeira vez na vida eu teria o que sempre quisera: ia ser outra que não eu mesma".
                 Clarice Lispector


RESTOS DO CARNAVAL


Não, não deste último carnaval. Mas não sei por que este me transportou para a minha infância e para as quartas-feiras de cinzas nas ruas mortas onde esvoaçavam despojos de serpentina e confete. Uma ou outra beata com um véu cobrindo a cabeça ia à igreja, atravessando a rua tão extremamente vazia que se segue ao carnaval. Até que viesse o outro ano. E quando a festa já ia se aproximando, como explicar a agitação que me tomava? Como se enfim o mundo se abrisse de botão que era em grande rosa escarlate. Como se as ruas e praças do Recife enfim explicassem para que tinham sido feitas. Como se vozes humanas enfim cantassem a capacidade de prazer que era secreta em mim. Carnaval era meu, meu

No entanto, na realidade, eu dele pouco participava. Nunca tinha ido a um baile infantil, nunca me haviam fantasiado. Em compensação deixavam-me ficar até umas 11 horas da noite à porta do pé de escada do sobrado onde morávamos, olhando ávida os outros se divertirem. Duas coisas preciosas eu ganhava então e economizava-as com avareza para durarem os três dias: um lança-perfume e um saco de confete. Ah, está se tornando difícil escrever. Porque sinto como ficarei de coração escuro ao constatar que, mesmo me agregando tão pouco à alegria, eu era de tal modo sedenta que um quase nada já me tornava uma menina feliz.

E as máscaras? Eu tinha medo, mas era um medo vital e necessário porque vinha de encontro à minha mais profunda suspeita de que o rosto humano também fosse uma espécie de máscara. À porta do meu pé de escada, se um mascarado falava comigo, eu de súbito entrava no contato indispensável com o meu mundo interior, que não era feito só de duendes e príncipes encantados, mas de pessoas com o seu mistério. Até meu susto com os mascarados, pois, era essencial para mim.

Não me fantasiavam: no meio das preocupações com minha mãe doente, ninguém em casa tinha cabeça para carnaval de criança. Mas eu pedia a uma de minhas irmãs para enrolar aqueles meus cabelos lisos que me causavam tanto desgosto e tinha então a vaidade de possuir cabelos frisados pelo menos durante três dias por ano. Nesses três dias, ainda, minha irmã acedia ao meu sonho intenso de ser uma moça - eu mal podia esperar pela saída de uma infância vulnerável - e pintava minha boca de batom bem forte, passando também ruge nas minhas faces. Então eu me sentia bonita e feminina, eu escapava da meninice.

Mas houve um carnaval diferente dos outros. Tão milagroso que eu não conseguia acreditar que tanto me fosse dado, eu, que já aprendera a pedir pouco. É que a mãe de uma amiga minha resolvera fantasiar a filha e o nome da fantasia era no figurino Rosa. Para isso comprara folhas e folhas de papel crepom cor-de-rosa, com os quais, suponho, pretendia imitar as pétalas de uma flor. Boquiaberta, eu assistia pouco a pouco à fantasia tomando forma e se criando. Embora de pétalas o papel crepom nem de longe lembrasse, eu pensava seriamente que era uma das fantasias mais belas que jamais vira.

Foi quando aconteceu, por simples acaso, o inesperado: sobrou papel crepom, e muito. E a mãe de minha amiga - talvez atendendo a meu mudo apelo, ao meu mudo desespero de inveja, ou talvez por pura bondade, já que sobrara papel - resolveu fazer para mim também uma fantasia de rosa com o que restara de material. Naquele carnaval, pois, pela primeira vez na vida eu teria o que sempre quisera: ia ser outra que não eu mesma.
Até os preparativos já me deixavam tonta de felicidade. Nunca me sentira tão ocupada: minuciosamente, minha amiga e eu calculávamos tudo, embaixo da fantasia usaríamos combinação, pois se chovesse e a fantasia se derretesse pelo menos estaríamos de algum modo vestidas - à idéia de uma chuva que de repente nos deixasse, nos nossos pudores femininos de oito anos, de combinação na rua, morríamos previamente de vergonha - mas ah! Deus nos ajudaria! não choveria! Quando ao fato de minha fantasia só existir por causa das sobras de outra, engoli com alguma dor meu orgulho que sempre fora feroz, e aceitei humilde o que o destino me dava de esmola.
Mas por que exatamente aquele carnaval, o único de fantasia, teve que ser tão melancólico? De manhã cedo no domingo eu já estava de cabelos enrolados para que até de tarde o frisado pegasse bem. Mas os minutos não passavam, de tanta ansiedade. Enfim, enfim! Chegaram três horas da tarde: com cuidado para não rasgar o papel, eu me vesti de rosa.
Muitas coisas que me aconteceram tão piores que estas, eu já perdoei. No entanto essa não posso sequer entender agora: o jogo de dados de um destino é irracional? É impiedoso. Quando eu estava vestida de papel crepom todo armado, ainda com os cabelos enrolados e ainda sem batom e ruge - minha mãe de súbito piorou muito de saúde, um alvoroço repentino se criou em casa e mandaram-me comprar depressa um remédio na farmácia. Fui correndo vestida de rosa - mas o rosto ainda nu não tinha a máscara de moça que cobriria minha tão exposta vida infantil - fui correndo, correndo, perplexa, atônita, entre serpentinas, confetes e gritos de carnaval. A alegria dos outros me espantava.
Quando horas depois a atmosfera em casa acalmou-se, minha irmã me penteou e pintou-me. Mas alguma coisa tinha morrido em mim. E, como nas histórias que eu havia lido, sobre fadas que encantavam e desencantavam pessoas, eu fora desencantada; não era mais uma rosa, era de novo uma simples menina. Desci até a rua e ali de pé eu não era uma flor, era um palhaço pensativo de lábios encarnados. Na minha fome de sentir êxtase, às vezes começava a ficar alegre mas com remorso lembrava-me do estado grave de minha mãe e de novo eu morria.
Só horas depois é que veio a salvação. E se depressa agarrei-me a ela é porque tanto precisava me salvar. Um menino de uns 12 anos, o que para mim significava um rapaz, esse menino muito bonito parou diante de mim e, numa mistura de carinho, grossura, brincadeira e sensualidade, cobriu meus cabelos já lisos de confete: por um instante ficamos nos defrontando, sorrindo, sem falar. E eu então, mulherzinha de 8 anos, considerei pelo resto da noite que enfim alguém me havia reconhecido: eu era, sim, uma rosa.

sábado, 4 de fevereiro de 2012

A AVÓ



"A avó, que tem oitenta anos,
Está tão fraca e velhinha! . . .
Teve tantos desenganos!
Ficou branquinha, branquinha,
Com os desgostos humanos.

Hoje, na sua cadeira,
Repousa, pálida e fria,
Depois de tanta canseira:
E cochila todo o dia,
E cochila a noite inteira.

Às vezes, porém, o bando
Dos netos invade a sala . . .
Entram rindo e papagueando:
Este briga, aquele fala,
Aquele dança, pulando . . .
A velha acorda sorrindo,
E a alegria a transfigura;
Seu rosto fica mais lindo,
Vendo tanta travessura,
E tanto barulho ouvindo.

Chama os netos adorados,
Beija-os, e, tremulamente,
Passa os dedos engelhados,
Lentamente, lentamente,
Por seus cabelos, doirados.

Fica mais moça, e palpita,
E recupera a memória,
Quando um dos netinhos grita:
"Ó vovó! conte uma história!
Conte uma história bonita!"

Então, com frases pausadas,
Conta historias de quimeras,
Em que há palácios de fadas, 
E feiticeiras, e feras,
E princesas encantadas . . .

E os netinhos estremecem,
Os contos acompanhando,
E as travessuras esquecem,
— Até que, a fronte inclinando
Sobre o seu colo, adormecem . . ."


  
Olavo Bilac